A Amazônia oferece informações cruciais às ciências atmosféricas. Mas a região só começou a ser investigada por pesquisadores brasileiros de forma sistemática a partir de meados dos anos 1990. Até então, a maior parte dos estudos era realizada por agências estrangeiras, com a participação limitada de cientistas do país. No Brasil, as pesquisas nas áreas da meteorologia e da climatologia eram incipientes até os anos 1970, quando começaram a se estruturar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) entre outros.
A grande virada se deu com o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), um programa multidisciplinar lançado em 1996, envolvendo pesquisadores brasileiros, norte- Estados Unidos e de cinco países europeus, com o objetivo de entender em profundidade o funcionamento e a interação de todos os componentes do ecossistema amazônico — atmosfera, solos, rios, flora, fauna e seres humanos. A iniciativa foi financiada pelos parceiros externos e os pesquisadores brasileiros foram apoiados pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Carlos Nobre, um dos idealizadores LBA e cientista-chefe do programa desde a sua criação até 2004, conta como foi concebido esse empreendimento.