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A experiência dos Fundos Universitários de Pesquisa

Institucionalização da FAPESP
1942

Em 1942, logo após a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o então reitor da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Americano, liderou a criação dos Fundos Universitários de Pesquisa para a Defesa Nacional (FUP).

Os estatutos dos Fundos estabeleciam como sua finalidade principal auxiliar estudos e pesquisas científicas de qualquer natureza, criando ou patrocinando serviços e cursos, e oferecendo auxílios em dinheiro, material científico e didático, além de apoio para estadia, viagem e bolsas de estudos. Esses auxílios podiam ser concedidos tanto a instituições — como institutos universitários, departamentos científicos e bibliotecas — quanto a indivíduos, incluindo cientistas, professores, assistentes e estudantes, nacionais ou estrangeiros.

Ao financiar projetos e bolsas de pesquisa, os Fundos ajudavam a resolver problemas científicos e tecnológicos, funcionando como um esboço da ideia de uma instituição de apoio à pesquisa científica que, vinte anos depois, tomaria forma com a FAPESP. Em 1943, os FUP passaram a ser chamados simplesmente de Fundos Universitários de Pesquisa, mantendo a sigla e, em 1945, com o término da 2ª Guerra Mundial, praticamente deixaram de existir.

Abram Jagle e Tamás Szmrecsányi contam no livro “Pesquisa & Desenvolvimento” (p. 13) um pouco da história dos FUP:

“A criação [da Universidade de São Paulo, em 1934,] trouxe um súbito influxo de professores estrangeiros de alto nível e intensificou a ida de brasileiros ao Exterior com bolsa de estudos. Criou-se, em decorrência, uma primeira massa crítica de consciência científica e tornaram-se claros aos olhos dos profissionais os problemas que mais inibem o progresso científico dos países subdesenvolvidos. As universidades e institutos de pesquisa, mantidos na maioria pelo governo, costumam ser submetidos às mesmas regras e práticas administrativas que os órgãos da administração geral. As consequências são facilmente previsíveis.

Por um lado a estrutura dos orçamentos é frequentemente defeituosa, deixando atividades importantes sem cobertura financeira, ou mesmo inteiramente excluídas. Por outro, o fornecimento das verbas consignadas nem sempre é feito de acordo com as necessidades ou mesmo com os programas pré-estabelecidos. Esses defeitos, que causam danos notórios à máquina administrativa, são, no campo da pesquisa, mutilantes. No mais das vezes o fato impediente não é a insuficiência total de recursos, mas a má distribuição e o fornecimento irregular.

Assim sentia-se, há muito, a necessidade de um organismo que tivesse dinheiro à mão e flexibilidade no seu uso, suficientes para corrigir, a curto prazo pelo menos, as piores deficiências estruturais. Já existia o modelo das fundações estrangeiras, que permitiam resolver com eficiência problemas como aquisição de equipamentos, bolsas no Exterior, contratação de cientistas visitantes, recursos de pronto desembolso para pequenas despesas urgentes, etc.

Uma primeira tentativa nesse sentido foi a criação, na década de 1940, dos Fundos Universitários de Pesquisa pela Universidade de São Paulo. Apesar da exigüidade dos recursos de que dispunham, alcançaram notável sucesso. A experiência evidenciou dois pontos básicos para que esse tipo de iniciativa tivesse sucesso: que os recursos fossem constantemente disponíveis e, principalmente, que independessem de flutuações anuais.”

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